Boas Práticas 

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A cidade berço: Onde a história (também) se escreve com base na arte de comunicar

Falámos com o Presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança, que nos mostra a modernização e inovação levadas a cabo pelo Município.

27 Dezembro 2021

N.º 13 Diagrama - dezembro 2021 administração pública

A cidade de Guimarães está intimamente ligada à criação da identidade, língua e arquitetura portuguesas. O passado é visto como um motivo de orgulho para as suas gentes e o futuro como uma oportunidade para inovar e modernizar. 

Classificada Património Mundial da UNESCO em 2001, mais tarde, em 2012, Guimarães foi nomeada Capital Europeia da Cultura.  O reconhecimento além-fronteiras faz aumentar a exigência e a responsabilidade, que soube ser assistida por uma comunicação simples, direta e inclusiva, salvaguardando a premissa de «não deixar ninguém para trás». 

 

Nesta secção de «Boas Práticas» falamos com o Presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança, que nos mostra a modernização e inovação levadas a cabo pelo Município, por via de uma comunicação direta, assertiva e acessível a todos.

 

Nesta 13.ª edição da Diagrama falamos sobre comunicação. Como descreve o percurso comunicacional do Município de Guimarães?

O percurso comunicacional do Município de Guimarães vai ao encontro do desenvolvimento tecnológico a que assistimos nestes últimos anos, assente em novas plataformas digitais que possibilitam um contacto direto com os munícipes para proporcionar as respostas que procuram e de forma imediata. A interação com as pessoas é, cada vez mais, fundamental no princípio da comunicação e essa premissa ganha maior importância quando estamos a falar de entidades/organizações de serviço público. Através do site da Câmara Municipal de Guimarães, hoje em dia, é possível requerer qualquer tipo de serviço através da disponibilização de formulários, existindo, inclusive, um espaço de diálogo online para esclarecimentos. Tudo isto é comunicação e está relacionado com este percurso. No sentido de dar voz a todos, as nossas crianças também fazem parte deste processo comunicacional. Por isso, dispomos de uma aplicação - «Dar Vez à Tua Voz» - no âmbito do programa «Guimarães Cidade Amiga das Crianças» para, dessa forma, garantir a participação ativa das crianças e jovens na construção de políticas públicas. No âmbito de um município inclusivo, em Guimarães implementamos o Avatar de Língua Gestual Portuguesa, através de uma tecnologia pensada, em particular, para ajudar as pessoas com deficiência ao nível da comunicação. Todas estas ferramentas estão disponíveis no site oficial da Câmara Municipal.

 

 

Quais as principais dinâmicas, adaptações ou novas exigências que o Município teve de desenvolver nesta área com a chegada da pandemia?

Um dos exemplos dessa adaptação às novas exigências é a Plataforma Cultural (https:// em.guimaraes.pt/), que já estava pensada, mas que fruto da situação pandémica viu a sua implementação ser acelerada. Trata-se de uma plataforma digital, com conteúdos culturais, promovidos por artistas e agentes locais ou associações e instituições de Guimarães. Na altura da pandemia, o setor da cultura foi bastante afetado e as pessoas não podiam ficar sem cultura. Assim, a Câmara de Guimarães fez contratos com os artistas de Guimarães, os técnicos de produção e audiovisuais, garantindo que assim continuavam a trabalhar e a receber pelo seu trabalho, desta forma a cultura para as pessoas, através dos meios digitais. O mesmo foi feito em relação à recuperação económica, com a disponibilização de uma plataforma digital de vendas para o comércio local.

 

 

Quais as estratégias adotadas para que os cidadãos possam estar igualmente informados e envolvidos nas iniciativas de participação pública e, com isso, chegar a todas as camadas da população «sem deixar ninguém para trás»?

A participação pública resulta, em grande parte, da proximidade com as pessoas. O território de Guimarães é extenso, com 48 freguesias, e trabalhamos diariamente para que ninguém fique para trás. Isso é possível através de um trabalho em rede e de uma relação próxima com as instituições. É assim que fazemos com a cultura, através dos programas de descentralização cultural, em que levamos a cultura às várias freguesias. Replicamos este processo comunicacional na área social, através de um trabalho da Rede Social com as Comissões Interfreguesias, promovendo atividades diversas para a comunidade sénior. Na área da Educação, desenvolvemos programas de atividades extracurriculares para todas as escolas, complementando ainda com a atividade física e com diferentes modalidades desportivas. Contamos ainda com as Brigadas Verdes, grupos constituídos pelos próprios cidadãos em cada freguesia, que contribuem de uma forma voluntária para a sustentabilidade ambiental do nosso território. Este processo encaixa nessa premissa de envolver tudo e todos, sem deixar ninguém para trás.

 

 

Guimarães está entre os nomeados para o concurso «Municípios do Ano Portugal 2021», da plataforma UM-Cidades, da Universidade do Minho. Uma iniciativa que visa reconhecer e premiar as boas práticas dos municípios portugueses em projetos implementados e com impacto assinalável. Neste âmbito, o que distingue Guimarães dos restantes municípios que integram esta lista restrita?

O Município de Guimarães foi distinguido, uma vez mais, com o projeto «Bairro C». Este é um projeto que procura estruturar-se no território, fazendo a ligação entre a Zona de Couros — uma zona de grande importância para a arqueologia industrial da cidade, dado tratar-se de um antigo local de curtimenta de peles —, a Caldeiroa e a Avenida Conde Margaride, como um laboratório de ideias assente nos pilares da Cultura, Criatividade, Conhecimento e Ciência. É um espaço para inovação e experimentação, quer do ponto de vista tecnológico, quer de novas estéticas e linguagens artísticas, oferecendo novas leituras sobre a relação entre a cidade, a criação artística e a comunidade. Esta capacidade de transformação, através da reinvenção e recuperação do património, é um fator de diferenciação de Guimarães, em comparação com outros municípios.

 

 

A perspetiva de sustentabilidade ambiental do Município está espelhada no Programa da Estrutura de Missão para o Desenvolvimento Sustentável – Guimarães 2030. De que forma a crescente disponibilização online de serviços públicos está alinhada com esta Estratégia Sustentável do Município?

Temos um programa designado por «Guimarães 2030: Ecossistema de Governança», distinguido este ano com o Prémio Nacional de Sustentabilidade pelo Grupo Cofina. Foi o reconhecimento, desta feita, das políticas e práticas na defesa da sustentabilidade global implementadas. Este ecossistema de governança resulta de um modelo que assenta na iniciativa que aglutinou os setores público e privado, em conjunto com as universidades, as associações e instituições e os cidadãos, num modelo inovador capaz de responder aos principais desafios da sociedade, através do incremento da participação pública em soluções que visam a transformação do território e dos cidadãos. Temos alguns exemplos, como o projeto-piloto da recolha e valorização de máscaras, como forma de responder a uma situação excecional que adicionou um novo resíduo, com elevado impacto ambiental. Também a Ecovia do Ave, assente na construção de um percurso pedestre ao longo das margens do principal curso de água de Guimarães, e ainda as Brigadas Verdes, constam como exemplos maiores de um ecossistema de governança. Um outro exemplo, que demonstra a atividade e dinâmica das equipas, bem como a capacidade de interligar a memória, a sustentabilidade e a cultura, é o projeto «Bairro C», que procurou despertar a criatividade, conhecimento e cultura numa zona central da cidade. Existe um amplo compromisso público que envolveu todas as juntas de freguesia do concelho, partidos políticos e cidadãos.

 

 

Sabemos que a afirmação de Guimarães como cidade e marca no mundo não se esgota na presença cultural e desportiva. De que forma o Município irá recuperar a intensa atividade cultural e outras iniciativas que demonstraram ter um longo alcance comunicacional e que afirmaram Guimarães como cidade universal e marca da cultura europeia?

Os últimos anos têm sido marcados por um forte apoio à criação artística local, procurando, a um tempo, incentivar ou apoiar o surgimento de uma intensa atividade por parte de criadores nas mais variadas expressões artísticas. Para além do financiamento de criações no espaço público, através de open-calls criadas para o efeito, o combate às restrições impostas às artes de palco foi feito
através da criação de conteúdos digitais que foram capazes de manter o contacto entre o público e os autores. Os próximos anos serão marcados por uma oferta dual, em que procuraremos fomentar a criação e a divulgação dos bens culturais, tanto em suporte digital como em formato presencial, assim o permitam as restrições que forem sendo implementadas.

 

 

O Município tem desenvolvido um conjunto de iniciativas que celebram dias importantes a nível nacional e internacional. São exemplos, o Dia Municipal para a Igualdade 2021, o Dia Internacional da Mulher, o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, o Dia Mundial da Criança, que contou,
inclusive, com iniciativas digitais. Qual a importância que estas iniciativas têm no registo comunicacional do Município?

Estas datas fazem parte do plano de atividades da Ação Social da Câmara Municipal de Guimarães e do nosso plano de comunicação regular. Naturalmente, acabam por ter uma maior importância no nosso registo comunicacional, na medida em que procuramos primar pela diferença, já que são datas de celebração comuns a todas as cidades. Em Guimarães procuramos, sempre, algo distintivo e associado às nossas raízes e à nossa história.

 

 

Um dos assuntos que tem estado muito em voga ultimamente é a conciliação da vida profissional, familiar e pessoal. Quais os passos que já foram dados nesta área?

Este é um tema que consta no Plano Municipal para a Igualdade de Género, em Guimarães. Conciliar a vida profissional com a vida pessoal constitui um desafio quando se perspetiva a igualdade de oportunidades para homens e mulheres na sociedade. Entendemos que o conjunto de equipamentos de apoio à vida em sociedade pode ser mais ou menos facilitador em função da sua oferta. Por isso, apresentamos equipamentos e respostas que são disponibilizados aos vimaranenses e que facilitam o seu quotidiano, desde os equipamentos de Administração Pública, respostas de intervenções sociais para uma atuação sistémica nas áreas do emprego, da formação e qualificação, da intervenção familiar e parental preventiva, da pobreza infantil e na promoção da capacitação da comunidade e das suas instituições, sendo exemplo desta atitude o Contrato Local de Ação Social em curso, financiado pela Segurança Social, bem como outros programas dirigidos aos mais variados
públicos e contextos.

 

 

Quais são os maiores desafios que perspetiva para o futuro do Município, em particular, ao nível da comunicação?

O desafio da credibilidade da comunicação. Sempre foi importante transmitir os valores das ações e organizações de uma forma transparente, séria e credível. Mas essa credibilidade tem de ganhar força sustentada e confiável para o destinatário. Temos de estar, sempre, atentos ao desafio das constantes transformações tecnológicas, é preciso compreender as mudanças da própria sociedade, no seu modo de pensar, de se relacionar e de comunicar, bem como a evolução dos dispositivos que provocaram parte dessas mudanças. O outro desafio é a capacidade de agir rápido, de forma célere, neste processo instantâneo em que se transformou a comunicação.

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